Informações sobre Espiritualidade

  Muitas pessoas se assustam, ao passarem por locais isolados e ouvirem vozes ou verem espíritos. Mas por que estas áreas são "assombradas"? Qual o mecanismo que os espíritos usam para nos fazer ouvi-los?

   A ocorrência de fenómenos de efeitos físicos só é possível caso exista no ambiente o elemento energético conhecido como "ectoplasma", oriundo geralmente de um médium que tenha a faculdade de fornecê-lo. Há casos em que estes fenómenos surgem "de maneira imprevista e em qualquer local, fazendo com que risos, vozes e gemidos sejam ouvidos, objetos sejam deslocados, portas e janelas sejam abertas ou fechadas, etc...
De forma genérica, dá-se o nome de "assombração" para situações como estas.

   Entretanto, mesmo que sejam imprevisíveis, os trabalhos mediúnicos de efeitos físicos estão sob o comando de equipes espirituais que operam no além. Elas sempre obedecem muito mais a um objetivo sensato e designações úteis de esclarecimento moral e espiritual do que à satisfação da curiosidade das pessoas que organizam as atividades. Quando os fenómenos ocorrem à revelia de qualquer disciplina ou controle, isso indica que o local conta com a presença de indivíduos que, mesmo sem saberem, são médiuns que fornecem ectoplasma. Então, torna-se comum que pessoas mais ansiosas se dirijam ao lugar e os fenómenos não se repitam, justamente porque os "curiosos" não têm essa faculdade mediúnica. 

   Em áreas ermas, nas quais ocorreram homicídios e tragédias brutais, bem como a súbita interrupção da vida, os cordões vitais, que ligam o perispírito e o corpo físico da vítima através do duplo etérico, foram violentamente rompidos. Assim, o tônus vital dessas pessoas é expelido por meio dos fragmentos ainda palpitantes desses cordões, impregnando o solo adjacente e se aderindo à seiva etérica da vegetação ao redor. Na luta para não morrerem, os espasmos das vítimas projetam uma forte saturação no éter circunvizinho, cuja toxidade mórbida só é desintegrada por seu duplo etérico após um certo tempo, ao se desligar do perispírito e do corpo físico. Então, como o tônus vital fica bastante impregnado por ectoplasma, os locais que foram palco de crimes e tragédias horripilantes se transformam em um ambiente extremamente ectoplasmizado.
 
A acção dos espíritos: 
Nos lugares "assombrados", há uma espécie de cortina etéreo-espiritual muito densa de fluido ectoplasmático, abrindo aos espíritos sofredores, vingativos, zombeteiros ou traumatizados de planos inferiores a possibilidade de fazerem ouvir suas vozes, ameaças, gritos ou gemidos, causando pavor nos encarnados que ali estão. Se estes forem portadores de faculdades medi únicas, tais fenômenos assustadores se manifestam de maneira ainda mais perceptível aos seus sentidos.

Essas assombrações ocorrem em zonas ermas, lugares isolados e somente à noite porque o ectoplasma é muito sensível à luz solar ou branca artificial, embora consiga resistir à ação da própria luz do dia com o tempo, através de graduações lentas da luz vermelha para a amarela. É por isso que esses lugares ectoplasmizados só apresentam condições de repercutir os movimentos, brados, gemidos e demais fenômenos produzidos pelos espíritos sofredores que vagueiam por ali durante o período noturno. Além disso, muitas vezes, os animais também conseguem visualizar as aparições, já que estas ferem suas retinas, obrigando o emprego de grandes esforços para domar cavalos empinados ou calar cães aterrorizados.

No entanto, à medida que os núcleos civilizados penetram nessas zonas assombradas, a presença das criaturas e seus pensamentos renovadores e sadios desempenham uma espécie de função profilática, ou seja, a cortina ectoplasmática saturada de paixões ou emoções deprimentes vai se dissolvendo pouco a pouco, até que o ambiente espiritual fique purificado. Isso explica porque crimes cometidos em ambientes urbanos e iluminados não fazem com que estes fiquem assombrados ou ectoplasmizados, pois as centenas de milhares de criaturas que transitam pelo local dissolvem rapidamente os fluidos tóxicos ali deflagrados através de seus pensamentos. 

Com relação aos santos que costumam aparecer para camponeses "ou crianças, como nos casos ocorridos em Fátima, Aparecida do Norte e Lourdes, eles nada mais são do que espíritos de intensa luminosidade e beleza angelical confundidos com Nossa Senhora ou Jesus. O que ocorre é que o ectoplasma expelido pelas crianças e pessoas humildes, simples e boas se combina com a mesma substância existente no duplo etérico da própria Terra, rudimentar, mas sobrecarregada de magnetismo virgem, prestando-se magnificamente para emoldurar a projeção de espíritos formosos e dando margem para a crença nas aparições dos santos tradicionalmente cultuados pelas igrejas. Essas aparições sublimes são ainda mais freqüentes nas proximidades de regatos, bosques encantadores, lugares mais inóspitos, com pouco trânsito humano e zonas livres de maus fluidos, como grutas ou pradarias verdejantes.


 A voz directa:

   A mente funciona em planos nos quais as oscilações estão muito acima do campo vibratório comum do ambiente físico. Enquanto a mente vibra no éter, a voz humana vibra no ar e quando os espíritos desencarnados querem falar com os encarnados, eles necessitam de um elemento intermediário que baixe o tom vibratório da voz etérica e faça com que ela repercuta de modo audível no ambiente do mundo material. Esse elemento é o ectoplasma.

   Na própria bíblia, encontram-se relatos de vários casos nos quais o fenômeno de audição da "voz direta" foi testemunhada à luz do dia. Eles ocorrem quando o plano superior precisa se comunicar com as criaturas encarnadas, no intuito de condicionar quaisquer providências ou fatos de ordem social ou espiritual. Para que isso aconteça, aqueles que estão presentes fornecem o ectoplasma que os espíritos desencarnados utilizam, cuja intervenção através dessas vozes atende aos planos estabelecidos pelo alto.

   Geralmente, a voz directa se processa por meio de três canais: pela garganta do próprio perispírito, pela garganta do médium ou por gargantas ectoplasmáticas. No primeiro caso, os espíritos agregam o ectoplasma medi único em torno dos órgãos vocais de seu perispírito e, através de um vigoroso esforço mental, conseguem fazê-los vibrar para o mundo físico. Já no segundo caso, o espírito comunicante utiliza diretamente a laringe do médium em transe, fazendo-a vibrar sob sua vontade e lhe dando a entonação desejada. Os sons articulados em suas cordas vocais são ampliados pelo megafone que flutua no ar, através de um tubo de substância espiritual diretamente ligado aos órgãos vocais do médium.

   Os espíritos operantes controlam o médium, condicionando sua voz para a trombeta ou megafone e ajustando-a no diapasão ou tom de voz que o espírito comunicante possui a quando era encarnado. Produzido pela laringe do médium e sob o controle do espírito comunicante, o som não resulta de uma repercussão do ar sobre suas cordas vocais, pois essa operação é executada no plano espiritual para, depois, ser ampliada' pelo megafone e ouvida pelos encarnados. O fenômeno se processa primeiramente na laringe etéreo-espiritual do perispírito do médium, repercutindo em seguida no mundo físico pelo ectoplasma catalisado pelas ondas sonoras da música ou cântico dos presentes.
Gargantas ectoplasmáticas:

   No terceiro e último caso, químicos desencarnados misturam substâncias especificas do plano espiritual à energia ectoplasmática obtida do médium e dos assistentes para modelar a máscara anatômica artificial, que possui boca, língua e garganta, possibilitando a mesma função da voz dos encarnados. Extraído o ectoplasma e adicionado outros fluidos mais finos, obtidos em esferas mais elevadas, os químicos misturam tudo isso em cubas, tigelas ou outros recipientes cilíndricos, imprimindo um intenso movimento centrifugador que resulta em um material fluídico semipastoso, suficientemente condensado e manipulável pela mão.

   Com essa substância, os espíritos constroem uma máscara sobre a parte inferior do próprio rosto e a ajustam bem, de modo a cobrir a boca, a língua, a garganta e outros órgãos fonéticos perispirituais, que assumem uma forma mais densa. Os espíritos encaixam sua língua perispiritual no interior do molde ectoplasmático ou língua artificial, que é oca e flexível. A principio, experimentam certa dificuldade para movimentar esse material mais pesado, mas a coisa se torna mais fácil com a prática. Ao dominarem completamente o fenómeno de mover a língua com facilidade na máscara, conseguindo vibrar no éter as palavras fortemente mentalizadas,os técnicos fazem o ar passar através da garganta anatômica, para que esta vibre e os sons etéricos repercutam no ambiente, permitindo que a voz do espírito seja ouvida entre os encarnados. Porém, para apanhar esse ar que fará vibrar os órgãos vocais, é preciso materializar também os seus pulmões.

   Os espíritos que desejam falar ao mundo material passam a se exercitar com essa máscara e o êxito mais breve ou demorado fica na dependência do treino e da habilidade com que eles a utilizam para vibrar o som e, assim, transmitirem suas palavras aos encarnados. Porém, nem todos os espíritos se submetem aos treinos exaustivos com a máscara ectoplasmática, alegando que nem sempre são recompensados pelos esforços heróicos que efetuam para conversar com seus parentes e amigos.
Exigência de esforço e técnica:

   O bom resultado entre os planos físico e etéreo-espiritual requer muito esforço por parte dos desencarnados. Por isso, faz parte do grupo de trabalho espiritual a figura de um coordenador, cuja primordial tarefa é ensinar os espíritos comunicantes a falar para a assistência, manejar as cordas vocais dos médiuns pela condensação de ectoplasma ou mover a máscara com o aparelho fonético estruturado na substância etéreo-espiritual. Além disso, outros cooperadores orientam os comunicantes para se ajustarem ao círculo de operações atingível pelo ectoplasma do médium ou movem as "trombetas", ligam o tubo espiritual de ampliação das vozes e fabricam as "varetas" para a levitação de objetos ou a produção de ruídos e pancadas nos móveis.

   No entanto, diante dessas dificuldades que exigem muita disciplina e perseverança, nem todos os espíritos desencarnados se submetem aos cursos e exercícios fatigantes pedidos pela técnica sideral para se produzir a voz direta. O treino pode levar dias, meses e até mesmo anos, mobilizando 'intensos esforços e recursos por parte dos desencarnados para conseguirem êxito integral nesse tipo de comunicação mediúnica. É daí que decorrem os motivos pelos quais nem sempre os freqüentadores assíduos dos trabalhos de fenómenos físicos conseguem satisfazer o ardente desejo de ouvir a voz ou mesmo ver o parente ou amigo desencarnado materializado, fato que poderia fortificar neles a convicção na sobrevivência do espírito após a morte. Assim, passam a alimentar dúvidas capciosas sobre a procedência das demais vozes ou materializações que observam, uma vez que não se manifestam aqueles que mobilizam toda a sua ansiedade espiritual.

   As sessões de fenómenos físicos são convincentes e maravilhosas para os freqüenta dores que têm a sorte de ver e trocar idéias com o familiar desencarnado, que se presta docilmente a todas as provas e subtilezas indagativas. Todavia, infelizmente, existem assistentes que, por impaciência, desistem de comparecer a determinados trabalhos de efeitos físicos justamente às vésperas de confabularem com seu familiar querido, que há muito tempo treinava com a máscara ectoplasmática e afinava a laringe etérica para conseguir se comunicar.
 
Fonte: Revista Cristã de Espiritismo - n.º 20 - por Eduardo Kuchelski.